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É possível escapar da solidão?

Todos nós em algum momento da vida já se sentiu só, às vezes, quando não temos companhia para o almoço, quando mudamos para uma nova cidade ou quando os amigos não têm tempo para passar junto conosco num final de semana.

Nas últimas décadas esse sentimento tem se tornado crônico. No Reino Unido, 60% da população se sente sozinha, nos Estados Unidos cerca de 46%.

Estamos vivendo no tempo mais conectado da história humana e ainda assim uma quantidade sem precedente de nós se sente isolada.

Sentir-se sozinho e estar sozinho não tem o mesmo significado, você pode se sentir feliz sozinho e não curtir cada segundo cercado de amigos. Solidão é uma experiência subjetiva, individual.

O que é solidão? 

Solidão é uma função corporal, assim como a fome faz você prestar atenção para suas necessidades físicas, a solidão faz você prestar atenção nas suas necessidades sociais. Seu corpo se importa com suas necessidades sociais porque há milhões de anos era um ótimo indicador de sobrevivência.

A seleção natural recompensou nossos ancestrais por colaborarem e por formar conexões em si. Nosso cérebro cresceu e se tornou mais bem ajustado para reconhecer o que os outros pensam e sentem e para formar e sustentar laços sociais.

Ser sociável se tornou parte da nossa biologia. Conseguir alimento suficiente, se manter seguro e cuidar dos filhos era praticamente impossível sozinho. Estar junto significa sobrevivência, ficar sozinho significa morte.

Era inevitável que o ser humano se desse bem com os outros. Para nossos ancestrais, a maior ameaça à sobrevivência não era ser devorado por um leão, mas não entrar na “vibe” social de um grupo, e ser excluído.

Buscamos novos empregos, amores e educação, mas deixamos nossa real rede social para trás. Encontramos menos amigos pessoalmente e precisamos deles com menos frequência.

No passado, nos Estados Unidos, o número médio de amigos próximos caiu de 3 em 1985 para 2 em 2011.

A maioria das pessoas tropeça em solidão crônica por acidente. Você alcança a idade adulta, se ocupa com o trabalho, com a universidade, romance, com crianças e Netflix.

Não há tempo suficiente e a coisa mais conveniente e fácil que sacrificamos é nosso tempo com amigos, até que um dia você acorda e percebe que se sente sozinho e anseia por um relacionamento íntimo.

Mas é desafiador encontrar conexões íntimas quando adultos, então a solidão se torna crônica. Enquanto nos sentimos ótimos possuindo um iPhone, carros, roupas, nosso corpo e mente continuam buscando as mesmas conexões de há mais de mil anos, as relações humanas.

A solidão pode matar?

Estudos mostram que o estresse que vem da solidão está entre as coisas menos saudáveis que podemos experimentar. Sentir-se sozinhos nos faz envelhecer mais rápido, faz o câncer mais mortal, o Alzheimer avançar mais rápido e nosso sistema imunológico mais fraco.

Solidão é duas vezes mais mortal que a obesidade e tão mortal como fumar um maço de cigarros ao dia.

O maior perigo é que a solidão uma vez crônica pode se tornar autossuficiente. A dor física e social usa um mecanismo comum em seu cérebro, os dois são como uma ameaça, então a dor social precisa de um comportamento de defesa imediata, senão seu cérebro entra em modo de auto-preservação.

Ele começa a ver perigo e hostilidade em todo lugar. Alguns estudos descobriram que quando você está sozinho seu cérebro é muito mais receptivo e alerta para sinais sociais, mas ao mesmo tempo se torna pior para interpretá-los corretamente.

Conseguimos prestar mais atenção no outro, mas a parte do seu cérebro que reconhece rostos sai de sintonia e se torna mais como um catalisador de rostos neutros, hostis. O que torna inconfiável as outras pessoas.

A solidão nos faz pressupor o pior sobre as intenções do outro para com você, por causa dessa percepção pode nos tornar mais egocêntricos para nos proteger, o que nos torna não amigável socialmente.

Mas se a solidão se tornou uma forte presença na sua vida, a primeira coisa que você pode fazer é tentar reconhecer os ciclos viciosos que pode estar preso. Geralmente, os sentimentos iniciais de isolamento começam com tensão e tristeza, o que faz você focar sua atenção seletivamente em direções negativas com os outros, isso começa a moldar sua crença e pensamento sobre você e sobre os outros, o que mudará seu comportamento fazendo você evitar interações sociais.

Com o tempo você se sente mais distante das pessoas, não atende ligações de amigos e a nega convites para sair, até que ninguém mais lhe convida.

Esse comportamento cíclico, as pessoas excluem você e o mundo lá fora vai se tornar como sua percepção está interpretando, hostil e perigoso, pronto para te rejeitar. Isso é um processo lento, que leva anos e que pode acabar em depressão, impedindo novas conexões, mesmo você ansiando por elas.

O que você deve fazer para escapar da solidão?

Talvez esteja se protegendo, tentando evitar ser machucado e não se permitindo se abrir.

1 – A primeira coisa que você pode fazer para escapar é aceitar que a solidão é um sentimento totalmente normal e não há nada para se envergonhar, literalmente todo mundo se sente sozinho em algum momento da vida, pois é uma experiência universal. Você pode ignorar um sentimento, mas é preciso aceitar o que você sente e se livrar de sua causa.

2 – Você pode se passar a perceber onde foca sua atenção, se você está seletivamente concentrando em coisas negativas. Foi aquela interação com colega de escola realmente negativa? ou foi realmente neutra? ou até positiva? Qual foi o real conteúdo da interação? O que a outra pessoa disse? Ela disse algo ruim ou você adicionou significado diferente para aquela palavra? Talvez a outra pessoa não estava reagindo negativamente, mas apenas com pouco tempo.

3 – Procure perceber se seus pensamentos sobre si mesmo e sobre o mundo estão se tornando muito negativos. Sobre as intenções dos outros, você entra em uma situação social e já decide como vai proceder? Você deduz que os outros não querem você por perto?

Você pode escolher fazer diferente e presumir que eles não estão contra você, pode arriscar ser aberto e vulnerável de novo.

Você está evitando oportunidade de estar com outras pessoas? Você está procurando desculpas para negar convites ou você está afastando os outros preventivamente para se proteger?

Você está agindo como se estivesse recebendo ataques ou você está procurando por novas conexões ou você se tornou conformado com sua situação?

Obviamente que cada situação é muito pessoal e única e se você não conseguir avaliar isso sozinho, por favor, busque ajuda profissional, isso não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem para enfrentar suas problemas de cabeça erguida.

É possível fazer diferente, então, que tal a partir de hoje buscar a mudança de pensamento e atitude?

Abaixo sugiro algumas atividades para você começar a praticar a partir de hoje.

1 – Sair para ver alguém hoje independente de você se sentir um pouco sozinho;

2 – Fazer o dia de alguém melhor;

3 – Escrever para um amigo que não tem falado algum tempo;

4 – Ligar para um membro da família;

5 – Convidar um amigo de trabalho para um café;

6 – Apenas sair para fazer algo que geralmente você tem receio de fazer.

Procure praticar algumas das atividades acima mencionadas alguma expectativa, o objetivo é apenas se abrir um pouco para exercitar os músculos de suas conexões para que eles possam crescer fortes e com o tempo ajudar outras pessoas. E lembre-se de que a mudança inicia com o primeiro passo.

Este artigo foi escrito baseado nos livros “Primeiros socorros emocionais” de Guy Wintch e “Solidão , natureza e necessidade de conexões pessoais” por John t. Cacioppo e William Patrick.

Rafael Garcia Oliveira

Psicólogo - CRP 07/16242

Psicoterapeuta, pós-graduado em PsPsicólogo, idealizador do NAPPEM – Núcleo de Aplicação da Psicologia Positiva e Educação Emocional, palestrante, escritor, empreendedor, especialista em Psicologia Positiva pela UFRGS, pós graduando em Neurociência e Comportamento pela PUCRS, coautor dos livros Psicologia Positiva Teoria e Prática, Psicologia Sem Fronteiras, Um Olhar da Psicologia Para a Terceira Idade, Caminhos para Relacionar-se, Psicologia Positiva na Prática e criador do curso online Psicologia Positiva na Prática, um cara alegre, emotivo, amo o que faço, adoro música e cachorro.
icologia Junguiana pelo IJEP/Facis, com estudos em Filosofia e Espiritualismo, realiza palestras sobre temas ligados ao pensamento e autoconhecimento, e é Facilitador do Jogo da Transformação, credenciado pela Innerlinks-Taygeta.

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